O Brasil segue avançando na implementação de políticas públicas, mesmo diante de alguns desafios fiscais e entraves de ordem política vivenciados nos últimos anos. Segundo a pesquisa ‘Balanço do Orçamento da União 2023: Brasil em reconstrução?’, feito pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), o governo está retomando a sua participação e desenvolvimento de várias iniciativas em diversas esferas – educação, meio ambiente, social, entre outros – incluindo a saúde. Em relação a esse último, de acordo com o documento, o setor no país deve receber dos cofres públicos recursos na ordem de R$217,7 bilhões, alta de 18% ante ao montante do ano anterior.
Além do poder público, a iniciativa privada também tem se envolvido cada vez mais em ações para garantir saúde e bem-estar principalmente para as comunidades de bairros periféricos do Brasil. Segundo Andrea Moreira, CEO da Yabá Consultoria, o crescimento da consciência sobre a importância das questões sociais e ambientais aumenta a pressão para que as empresas sejam transparentes em suas atividades e impactos. “Isso inclui divulgar suas políticas de diversidade, equidade e inclusão”, ressalta.
Para Andrea, hoje a iniciativa vive um novo momento com o advento do ESG (Environment, Social and Governance, na sigla em inglês), com a inclusão de métricas de avaliação dessas ações. “As empresas têm feito sua lição de casa, organizando-as e trazendo-as para dentro dos processos, do backoffice e para a cultura organizacional, transparecendo de dentro para fora”.
Além disso, Andrea enfatiza a forte tendência em relação à colaboração, na qual empresas se unem com diversos elos – como organizações não governamentais e o próprio governo – para amplificar seu impacto e promover essa cultura, contribuindo para um mundo cada vez mais justo e sustentável. “Hoje, a responsabilidade social não é mais uma opção, mas sim parte essencial da identidade e estratégia de negócios”.
Saúde e bem-estar nas periferias
Garantir saúde e bem-estar nas periferias requer políticas públicas que abordem não apenas as questões de saúde física, mas também fatores determinantes de ordem social, econômica e ambiental que influenciam o bem-estar das comunidades locais, como educação, segurança, habitação e saneamento, na visão de Andrea. “A população precisa ter acesso aos seus direitos. Nós ajudamos a levar informação de qualidade para as comunidades e, consequentemente, promover a mudança de comportamento”.
Esse conhecimento pode ser difundido por meio de atividades sociais e culturais que promovem experiências de reflexão, ajudando as pessoas a viverem com mais qualidade e aprendendo a fazer a autogestão de sua saúde. “Enquanto as políticas públicas dão suporte para a população, com a oferta de estruturas de atendimento e tratamentos adequados, as empresas utilizam seus recursos – no caso, a disseminação da informação, obtida por meio de pesquisas e estudos, através de ações educacionais – para dialogar com a sociedade, ajudando as pessoas a fazerem uma autogestão de sua saúde”, avalia a CEO.
Envelhecimento da população
Andrea ressalta que a autogestão de saúde, com base nas políticas públicas, é algo que deve ser olhado com atenção por conta do envelhecimento da população. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a estimativa é que o Brasil alcance a marca de 66 milhões de pessoas com mais de 60 anos até 2050, alcançando o pico de cerca de 79 milhões em 2075. “As pessoas precisam ter clareza sobre sua saúde, suas doenças e comorbidades, saber dialogar com os médicos e não esperar que os outros tomem essa atitude por nós. O Brasil está diante do desafio de ter uma infraestrutura de saúde que consiga atender a toda essa população. Por isso, a efetividade das políticas públicas é tão importante”, destaca Andrea.
Cases bem-sucedidos
Investir em políticas que visam melhorar o ambiente físico das periferias, como a criação de áreas verdes, espaços de lazer e instalações esportivas, não somente promovem a saúde física, mas também contribuem para o bem-estar emocional e social dos moradores, reduzindo os níveis de estresse e promovendo um maior senso de comunidade.
Um dos cases bem-sucedidos pilotados pela Yabá, que ainda está em andamento, é o Projeto Respira, iniciativa patrocinada pela farmacêutica Sandoz, que tem como intuito unir iniciativas culturais e de saúde com foco em reforçar a importância de priorizar a qualidade de vida, realizada via Lei Federal de Incentivo à Cultura
Andrea conta que a ideia era criar uma iniciativa cultural que integrasse conteúdos de saúde e bem estar que gerasse um impacto social na vida das pessoas, ajudando-as a conduzir suas vidas da melhor forma possível, por meio da disseminação de informações de qualidade nos quatro cantos de São Paulo.
Com vigência ao longo de 2024, o projeto conta com três etapas, sendo que a primeira foi a realização de um evento no último dia 18, no Parque Ceret, em São Paulo, no qual as pessoas que estavam no parque puderam participar das atividades, como oficinas, jogos, viveram momentos com seus filhos no espaço família e visitaram as tendas instaladas no local que tinham como principal função divulgar informações sobre a importância da qualidade de vida e do cuidado com a saúde.
Na segunda fase serão ministradas palestras sobre vários subtemas ligados ao assunto qualidade de vida em quatro Centros Educacionais Unificados (CEUs) escolhidos estrategicamente em cada região da cidade. “Cada um deles vai tratar de conteúdos que sejam de maior interesse da comunidade local”, enfatiza Andrea.
E, por fim, o projeto Respira culmina em seu maior objetivo, entre os meses de novembro e dezembro, que é a criação de uma exposição, cuja curadoria irá trabalhar todo o material audiovisual coletado ao longo de todas as ações. A mostra será itinerante e irá circular por quatro estações do metrô de São Paulo de diferentes localidades, com o intuito de disseminar informação para um número amplo de pessoas.
De acordo com a CEO da Yabá, a estimativa é que o projeto Respira, ao longo de toda a sua vigência, consiga impactar milhares de pessoas. Segundo ela, garantir que o Respira chegue à população é fundamental para que as pessoas pensem sobre saúde emocional, mental e física a partir do autocuidado.
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FERNANDA CRISTINA RIBEIRO
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