Após anos de pesquisa, projeto inovador é desenvolvido em conjunto com São Rafael, Unifesp, Instituto Mauá de Tecnologia e ITAL
São Paulo, abril de 2025 – Com mais de 43,7 mil pessoas à espera de uma ligação que pode mudar suas vidas: o aviso de “encontramos um doador”, é apenas o começo da jornada. Isso porque para além dos desafios de encontrar um órgão compatível, existem também fatores logísticos que podem impactar no processo de doação de órgãos. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, entre 2014 e 2021, 6% das recusas de transplantes estavam relacionadas a problemas no transporte desses tecidos.
Pensando nisso, a São Rafael Câmaras Frigoríficas, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), por meio das Escolas Paulista de Enfermagem e de Medicina, o Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) e o Centro de Tecnologia de Embalagem (CETEA) do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), desenvolveu a EMAIS-SR, uma embalagem inteligente para o transporte de órgãos e tecidos humanos.
A solução inovadora visa padronizar e otimizar a logística de transplantes no país, garantindo maior segurança, tecnologia, rastreabilidade e preservação dos órgãos durante o transporte. De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e o Ministério da Saúde, o Brasil possui uma das maiores atividades de transplante do mundo, sendo referência global no setor, principalmente devido ao Sistema Único de Saúde (SUS), responsável por cerca de 88% dos transplantes realizados no país.
Desafio no transporte de órgãos
O Brasil ainda enfrenta desafios significativos relacionados à falta de embalagens adequadas para o transporte seguro de órgãos e tecidos, o que impacta negativamente os resultados das doações.
Esse problema é agravado pelas vastas dimensões territoriais do País e pela necessidade crítica de manter a integridade dos órgãos durante o transporte, especialmente no que diz respeito ao controle de temperatura.
“Há 4 anos, nós começamos o trabalho para desenvolver a caixa de transporte de órgãos, isso tudo para resolver vários problemas relacionados à logística de transporte de órgãos no Brasil, desde distância, perda de órgãos por conta da temperatura e vários outros problemas relacionados, sobretudo, à segurança e rastreabilidade”, explica a Dra. Bartira Roza, docente da Escola Paulista de Enfermagem da Unifesp.
Funcionalidade e tecnologia
A Embalagem Inteligente de Transporte de Órgãos (EMAIS-SR) conta com um sistema de monitoramento em tempo real, via Internet das Coisas (IoT), que permite rastrear o órgão e detectar eventuais alterações de temperatura ou impactos durante o transporte.
“A nova embalagem, além de garantir a estabilidade térmica e segurança dos órgãos transportados, apresenta monitoramento via IoT e interface de comunicação avançada, elevando a tecnologia nacional ao estado da arte em transporte de órgãos e tecidos’’, ressalta Ari Costa, professor e pesquisador do Instituto Mauá de Tecnologia.
Além disso, a embalagem não utiliza gelo, mas sim um sistema de refrigeração com tecnologia inverter, que mantém a temperatura ideal para a preservação dos órgãos e tecidos. Com autonomia de bateria, a caixa está preparada para manter o funcionamento mesmo em condições adversas.
“A caixa recebe os dados de toda a jornada do órgão via pela internet. A partir disso, é possível entender se esse tecido sofreu com alguma divergência de temperatura ou outra adversidade”, destaca Fernando Martins, gerente da Divisão de Eletrônica e Telecomunicações do Centro de Pesquisas do Instituto Mauá de Tecnologia.
Colaboração que gera inovação
O projeto, resultado de uma colaboração entre a academia e os setores público e privado, conhecida como “tríplice hélice”, evidencia como essa parceria pode gerar avanços significativos na saúde global, principalmente para todos que aguardam por um transplante.
“A iniciativa é uma junção muito produtiva, já que envolve o setor público e o privado de forma unida e harmoniosa. Foram 4 anos intensivos de trabalho com o principal objetivo de salvar vidas”, afirma Bartira Roza.
Reconhecimento internacional
Iniciado em 2020, o projeto, conta com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e já recebeu três prêmios internacionais: 1º lugar das pesquisas apresentadas na área de Enfermagem e Coordenação do Congresso Brasileiro de Transplantes da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) em 2023, 1º lugar em projeto acadêmico de IoT da Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC) e 1º lugar no Prêmio Automação, categoria acadêmica, concedido pela GS1 – Associação Brasileira de Automação.
O protótipo operacional do sistema, com a embalagem e a plataforma, foi apresentado no Congresso Luso Brasileiro de Transplantação, realizado na cidade do Porto (Portugal), em dezembro de 2024, Além disso, será apresentado no Congresso Internacional de Transplantes, em Londres, no mês de junho de 2025 e também no Congresso Brasileiro de Transplantes da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) neste ano.
Fase final de testes
Atualmente, a pesquisa está na etapa final de análise dos dados, com resultados que se mostram satisfatórios e promissores. A EMAIS-SR encontra-se em validação, sendo testada por meio de um estudo de caso-controle que compara as soluções atualmente utilizadas no Brasil com a nova proposta para o transporte de órgãos.
A embalagem está sendo submetida a testes rigorosos, avaliando sua resistência, durabilidade e desempenho em diferentes condições de transporte. “Nossa participação no projeto é no sentido de validar o projeto, submetendo a caixa a diversas solicitações que ela vai enfrentar durante o seu transporte e comprovando que ela vai ter desempenho adequado”, afirma Maurício Bordin, pesquisador do ITAL.
Com a conclusão das validações, a expectativa é que a EMAIS-SR esteja disponível no mercado em breve, trazendo avanços significativos para a logística de transplantes no Brasil e contribuindo para salvar mais vidas.
“A São Rafael investiu nesse projeto com o objetivo de garantir uma solução inovadora. O trabalho e dedicação de todos os envolvidos resultou em experiências e resultados que seguramente farão a diferença em milhares de vidas. Agora, o próximo passo é investir na fabricação da embalagem, tornando o sonho em realidade”, conclui Alexandre Dalman Boccia, diretor executivo da São Rafael.
Confira o vídeo da Caixa Inteligente de Transporte de Órgãos
Fontes:
https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/saes/snt
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/fevereiro/brasil-e-o-segundo-maior-transplantador-de-orgaos-do-mundo
https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/snt/sistema-nacional-de-doacao-e-transplante-de-orgaos
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