A felicidade é um estado de espírito que se encontra distante de muitos brasileiros é o que mostra o World Happiness Report de 2024, estudo supervisionado pela Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável da ONU, baseado em dados da Gallup World Poll e em análise de especialistas em bem-estar. Conforme o levantamento, que classifica anualmente a felicidade global em 143 nações ao redor do mundo, o Brasil ocupou no ano passado somente a 44ª posição entre as nações mais felizes.
São inúmeros os fatores que levam uma pessoa a se tornar infeliz, mas diante da frustração, promover uma mudança de rota continua a ser a melhor saída. O período de final de ano ainda é o preferido pela maioria das pessoas para realizar tais mudanças. “Ano novo, vida nova”, dizem. Para inspirar todos aqueles que sentem que precisam mudar suas vidas, mas têm medo de tentar, a trajetória de Fernando Machado é um “prato cheio”. Engenheiro aposentado, ele vivia uma vida marcada pela “gastura” emocional e psicológica. Esta começava a desdobrar-se em padecimentos físicos, quando, aos 75 anos de idade, mudou radicalmente a maneira como se relacionava com suas crises existenciais, ao se apaixonar pela arte da escrita.
A pedido do terapeuta, Fernando começou a escrever suas memórias para elaborar melhor seus traumas, a fim de superá-los. Foi então que teve uma epifania. “Se eu escrevesse a história de minha vida desde quando a minha memória alcançasse, poderia terminar de abrir ou fechar portas imaginárias que estivessem apenas entreabertas”, conta. Surgiu, dessa forma, o livro “Gastura”, sua autobiografia, e uma carreira de escritor. Hoje, aos 81 anos de idade, publicou mais duas obras: Phenix, romance sobre um homem que precisa acertar as contas com o passado; e Spoiler, que se passa nos anos 1970, mas aborda temas candentes da atualidade, como gênero, raça e preconceito.
Diversos episódios da vida do escritor fizeram com que ele experimentasse essa certa angústia, mesmo que em um primeiro momento, ao sermos apresentados a sua história, sejamos levados a crer que não há motivos para tanto sofrimento. Afinal de contas, Fernando teve uma vida plena. Sua infância, passada no bairro da Vila Mariana, capital paulista, foi repleta de brincadeiras próprias da idade; sua adolescência, embora marcada por um certo descuido com os estudos, rendeu a ele o ingresso na faculdade de engenharia Mackenzie, uma das mais renomadas do país. Tal período, aliás, foi muito profícuo na vida do escritor, pois resultou em uma paixão e muitas amizades, que o motivaram a abrir um bar chamado “Toca do Popeye”, onde estudantes se reuniam para beber e discutir política.
Na vida adulta trilhou uma bem-sucedida carreira como engenheiro especialista na construção de pequenos túneis, que o levou a juntar patrimônio suficiente para aposentar-se precocemente; casou-se e teve três filhos que estão encaminhados, com trajetórias profissionais e pessoais promissoras; aventurou-se na área cultural, abrindo um centro dedicado à música e ao cinema; apaixonou-se novamente; viajou bastante pelo mundo; mudou-se, na velhice, para um lugar paradisíaco em Florianópolis; dedicou-se a escrever romances etc.
Não obstante, um olhar mais demorado e perscrutador sobre a história de Fernando revela acontecimentos propícios de deixarem marcas psicológicas e emocionais profundas. Tais como: a relação tempestuosa com a família da mãe e com seus irmãos, principalmente quando o assunto era patrimônio familiar; a morte de dois filhos logo depois do parto; a morte (traumática) de seu pai; a falência de seu casamento que, embora rico em companheirismo e respeito mútuos, prescindia de paixão; o falecimento de sua segunda esposa, companheira de viagens; e, claro, o alcoolismo, que condicionou a existência do engenheiro e do qual só conseguiu contornar a duras penas, contando com o suporte e orientação dos Alcoólicos Anônimos (AA)
O trabalho que desenvolveu junto ao AA para combater o vício, a propósito, pode ser considerado a semente para o ofício de escritor que viria a adotar anos depois. “Isso porque um dos passos sugeridos pela comunidade voluntária no caminho para a sobriedade é fazer um inventário moral minucioso e destemido de si mesmo”, diz. Fernando tentou fazê-lo, em vão, durante muito tempo, e quando, incitado pelo psicoterapeuta, desbloqueio sua verve literária de tal forma que não apenas passou suas lembranças para o papel, tal qual o exercício terapêutico propunha, como escreveu um livro, dois, três…
Aos 81 anos de idade, o engenheiro aposentado continua com sua nova carreira a pleno vapor: prepara seu quarto livro, sobre Brow, seu cachorrinho, companheiro fiel que ajudou a aplacar a sua solidão após o falecimento da segunda esposa. Além da escrita, Fernando mantém intacto seu genuíno interesse pela vida através da prática de atividade física diária, sobretudo pilates; caminhadas por Ribeirão da Ilha, localizada ao sul de Florianópolis (SC), ao lado do pet; e visitas periódicas aos três filhos, em São Paulo. A história de Fernando é a prova de que, por mais que pareça clichê, nunca é tarde para mudar e sua autobiografia “Gastura” é fonte de inspiração para todos aqueles que desejam um recomeço.
*Todos os livros de Machado foram publicados pela Editora Labrador.
Ficha Técnica:
Editora: Editora Labrador; 1ª edição (29 agosto 2024)
Idioma: Português
Capa comum : 176 páginas
ISBN-10: 6556255963
ISBN-13: 978-6556255965
Dimensões: 16 x 10 x 23 cm
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PATRICIA JIMENES DE OLIVEIRA
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