A poesia do cotidiano, o humor da observação e a delicadeza da memória dão o tom de Então, viver é isso, novo livro de Cássio Zanatta, lançamento da Maralto Edições. Reunindo textos escritos entre 2018 e 2023, o autor apresenta uma seleção de crônicas que transitam por temas diversos, sempre guiadas pelo olhar atento e bem-humorado que marca sua escrita.
Entre lembranças do pai, as incertezas da Covid-19, reflexões sobre a passagem do tempo e cenas inusitadas da vida urbana, Zanatta transforma acontecimentos corriqueiros em narrativas que provocam o leitor, traduzindo com simplicidade e lirismo a essência de estar vivo, que para ele é uma mistura de dor e alegria, risco e oportunidade.
“Procurei adotar dois critérios para a escolha dos textos”, explica o autor, “um, mais afetivo: escolhi aqueles que traduzem melhor minhas percepções e valores e que, mesmo se tratando de crônicas, têm a qualidade ou a pretensão de não serem tão efêmeros, de durarem um pouco mais; outro, mais objetivo: escolhi os que explicassem, ou dessem sentido ao título do livro. Que procurassem apontar – sem muito estardalhaço – por que, afinal de contas, é bom estar por aqui”.
As crônicas, que captam a beleza dos instantes aparentemente desimportantes, também propõe uma reflexão sobre os desafios da vida. O autor, que convive com a esclerose múltipla, poderia ter se rendido ao pessimismo, mas escolheu o espanto das pequenas maravilhas. Em “Continuo eu”, ele demonstra todo seu apreço pela simplicidade, a conexão com os outros e a aceitação de si mesmo:
Sigo alegre enquanto morrendo de saudades. De olho no que as nuvens e o vento podem aprontar. De butuca nas abelhas, buracos na calçada e na incompreensão entre os homens que nunca passa. Sempre atento às mixuruquices. Essa alma de tatu, a timidez que me amarra, as amizades de 50 anos, a aspereza nas mãos, a falta de foco agravada pelos olhos que decidiram ir cada um para um lado. De diferente, um certo andar de bêbado quando nada bebi e o despertar no meio da madrugada, quando custo um pouco a dormir, a máquina do pensamento posta a trabalhar com fúria na hora errada.
Continuo nos filhos, tão bonitos e boas pessoas. Machado de Assis se chatearia comigo, mas transmiti a duas criaturas o legado de nossa miséria.
Então, viver é isso conta com ilustrações de José Carlos Lollo, amigo e parceiro de longa data de Zanatta. Em total liberdade criativa, ele traduz visualmente os textos, ampliando o universo das crônicas. “Desenhar para o Cássio é a coisa mais natural, é como se fizéssemos isso a vida inteira”, reflete Lollo. “O texto dele, mesmo que inédito, é familiar para mim, eu só tenho que buscar o que mostrar do que está escondido lá. A maioria dos desenhos foi feita com bico de pena e aquarela, mas também utilizei retalhos, linha de costura e um papel de carta antigo de um estoque dos anos 1950. Foram feitos vários estudos e, conversando com o Zanatta, fizemos uma seleção.”
Inspirado pela poesia e pela prosa de mestres como Rubem Braga, Fernando Sabino e Manuel Bandeira, Zanatta tece uma colcha de retalhos literária que acolhe o leitor e o convida para uma conversa despretensiosa – seja numa mesa de bar ou num banco de praça.
“Eu convido o leitor a reparar nas grandes pequeninices da vida. E, se possível, fazê-lo abrir um sorriso de, no máximo, um centímetro de altura – já seria uma vitória. Como diria o psicoterapeuta argentino Fernando Ulloa, falar de ternura nestes tempos de ferocidades não é nenhuma ingenuidade. É um conceito profundamente político. É pôr o acento na necessidade de resistir à barbarização dos laços sociais que atravessa nossos mundos”, finaliza Cássio Zanatta.
Então, viver é isso já está à venda no e-commerce da Maralto Edições e em livrarias parceiras. A obra também faz parte do Programa de Formação Leitora Maralto, uma iniciativa direcionada para escolas de todo o país.
Sobre o autor
Cássio Zanatta nasceu em São José do Rio Pardo (SP) e já atuou como revisor, publicitário (redator e diretor de Criação) e sobretudo como cronista. Publica regularmente nas revistas Rubem e The São Paulo Times, além dos jornais Rascunho e A Tribuna. É autor dos livros de crônicas A menor importância (2016), O espantoso nisso tudo (2018) e O máximo que eu consegui (2021).
Sobre o ilustrador
José Carlos Lollo é desenhista, diretor de arte, autor de livros infantis e ilustrador. Trabalhou em importantes agências de propaganda e recebeu vários prêmios nacionais e internacionais. Publicou mais de 60 livros, entre eles: O livro das coincidências (com Rosana Rios, de 2007), A menina que pescava estrelas (com José Carlos Aragão, de 2011), O caçador de palavras (com Ilan Brenman, de 2023). Com a escritora Blandina Franco, sua parceria é extensa, com livros como Quem soltou o pum? (2015) e Avó perfeita (2017). Com essa parceira, o ilustrador conquistou vários prêmios: o Jabuti, o Selo Cátedra 10 da Unesco e uma Menção Honrosa do Bologna Ragazzi Digital Award.
Então, viver é isso
Editora: Maralto Edições
Páginas: 176
Autor: Cássio Zanatta
Ilustrações: José Carlos Lollo
Preço: R$ 59,90
Vendas: https://loja.maralto.com.br e livrarias parceiras
Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
Iara Filardi
atendimento@iarafilardi.com