No segundo episódio do videocast “É com ELAS”, que recebe mulheres em destaque em suas profissões para discutir temas voltados ao universo feminino, o foco foi o mercado financeiro. Uma pesquisa de fevereiro deste ano, feita pela FESA Group, mostrou que 33,86% dos cargos de liderança nas empresas de finanças são ocupados por mulheres. As economistas Ana Carla Abrão e Morena Carvalho estão nesta estatística. Ambas reconhecem que há muito a avançar, mas avaliam que o caminho está mais propício. “Sou engajada no tema de equidade de gênero e acho que temos que fazer parte do debate e tentar contribuir”, declara Ana Carla ao apresentar um resumo de sua carreira. No mercado financeiro desde o início da vida profissional, ela conta que, durante anos, se reuniu às escondidas com pequenos grupos de mulheres.
Ana Carla é uma entusiasta do IDIVERSA, um índice criado pela B3 que abrange empresas que fomentam a equidade de gênero e étnico racial. “Acho que, no momento em que a B3 se posiciona e diz: ‘Vamos medir quão diversas essas empresas são e publicar isso junto com seu desempenho’, é significativo. Existem estudos que mostram que mais diversidade significa mais crescimento e mais retorno financeiro. Então, à medida que a B3 se propõe a lançar um índice que observa essas empresas que valorizam a diversidade e mostra como elas estão performando do ponto de vista financeiro, você está evidenciando e fomentando essa diversidade”, declara Ana Carla, ciente de que ainda é cedo para mensurar o impacto desde a criação do índice.
Já Morena, que tem 15 anos de mercado financeiro, entrou no banco por meio de um processo seletivo e conta que, no começo, sentia diferença não só por ser mulher, mas também por sua origem – ela é de Nova Iguaçu, cidade da Baixada Fluminense. Após alguns anos no banco, Morena se descobriu lésbica e passou a liderar iniciativas para mudar a cultura da empresa. “Fomos nós, colaboradores, que nos juntamos para propor uma estratégia de diversidade e inclusão no BTG com grupos de afinidade, incluindo BTG Women, BTG Pride, BTG PCD e BTG Blacks. Montamos essa estrutura, fizemos benchmarking de como o mercado estava atuando, colocamos dois líderes em cada frente e apresentamos, em janeiro de 2020, para Roberto Sallouti, o CEO. Ele deu aval para que tocássemos o projeto”, relembra Morena.
As duas economistas enumeraram as dificuldades que impedem que mais mulheres se tornem investidoras. Entre elas, a renda inferior à dos homens e a falta de informação. “As mulheres são mais avessas ao risco em suas opções. Não é que elas sejam assim por natureza. Quando olhamos do ponto de vista cultural, percebemos que elas tiveram menos treinamento para os instrumentos de investimento e, portanto, migram para aquilo que é mais seguro. Se as mulheres tivessem as mesmas oportunidades de investimento, acesso a seguros e a instrumentos e produtos financeiros que os homens, ou se tivessem o mesmo nível de consumo, todos ganhariam, inclusive as instituições financeiras. Elas estariam mais protegidas e com seus recursos rentabilizados”, exemplifica Ana Carla Abrão.
“É com ELAS” é um videocast feito por mulheres, sobre mulheres, para todas as pessoas. Apresentado pela jornalista, documentarista e escritora Maíra Donnici, ex-Globo e GloboNews, o projeto prioriza mulheres na equipe, desde a maquiagem e identidade visual até a trilha sonora e o figurino, representado pelas estilistas Isabela Capeto e Tati Magalhães.
Gravado em São Paulo, o videocast terá seis episódios, publicados a cada quinze dias. O primeiro, que estreou no último dia 7, teve a mega empreendedora Camila Farani como convidada. O episódio sobre mercado financeiro vai ao ar no dia 21 de maio.
Entre as próximas convidadas estão Elisama Santos, psicanalista, escritora e palestrante; Rafaela Rezende, presidente da VTex Brasil; Maitê Schneider e mais.
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André Luiz de Lara
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